Diário dos meus versos...

Naquela noite adentrei a floresta noturna vagarosamente, com os sentidos despertos, 
os seres mágicos espiavam minha condição de mortal;
segui silenciosamente na escuridão mística e aliciadora dos desejos perigosos;
caminhei por entre sombras e fantasmas das palavras sobreviventes,
amedrontadas,  
esquivas em suas ambiguidades,
carregando de sentidos dúbios 
o mais ínfimo pensamento desatento,
a espera da voz mensageira e perversa
 que anuncia o voo soturno,
mortal e voraz dos desatinos.
 

Sangrei minhas feridas cicatrizadas na falsa ideia da cura,
a cada passo em direção ao túnel onde a luz se escondera,
acuada na solidão e no medo; 
os sons espectrais acompanhavam a caminhada
 e ecoavam sob o luar,
que ao longe observava, soberano e destemido.

Aquela noite  acabou,
mas fui aprisonada no tempo daquela travessia, 
que ainda não terminou,
estou no meio do caminho,
tirando as amarras das pesadas pétalas de bronze,
que cobrem meu sentir,
 para libertar os meus versos
 desta imensa saudade de mim.  
 

krika 28/09/2011